domingo, 26 de dezembro de 2010

Ano Novo



As palavras de Drummond são tão certas!

A Novidade está dentro de cada um de nós.

O campo de possibilidades e mérito está aberto para o tempo que se inicia:
O Agora.

É isso que eu desejo a você que lê.





Que o Ano Novo seja exatamente o que você queira que ele seja.








RECEITA DE ANO NOVO


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação
com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo,
remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança a partir de janeiro
as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados,
começando pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo,
eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ecoturismo na cultura de consumo




Resenha.
Em artigo publicado na Revista Brasileira de Ecoturismo, v.2, n.1, de Janeiro de 2009, sob o título Ecoturismo na cultura de consumo: possibilidade de Educação Ambiental ou espetáculo?, Hélio César Hintze busca averiguar, a partir de levantamento bibliográfico em diálogo com opiniões obtidas em entrevistas no trabalho de campo, a existência de uma preocupação com a Educação Ambiental (e quais os princípios que a regem) nas atividades e pacotes ecoturísticos comercializados pelo mercado.

O texto de 43 páginas (incluindo referências bibliográficas e notas do autor) inicia-se discorrendo acerca da contemporaneidade e seus condicionantes, cultura de consumo e sociedade do espetáculo, onde o autor aponta a potencialidade do Ecoturismo como um produto regido pelas leis de mercado, neste contexto; discute as relações com temas como turismo, consumo, natureza e educação ambiental; busca identificar as bases filosóficas do trabalho ecoturístico, basicamente as relações com a questão da educação ambiental; realiza crítica conceitual; expressa os resultados de entrevistas a 3 operadoras do mercado ecoturístico e 3 pesquisadores de áreas relacionadas aos temas propostos; constata as dificuldades na integração da educação ambiental (confundida com a educação formal) com as atividades ecoturísticas, além da reafirmação do tempo espetacular do capital - O ecoturismo como atividade que pode produzir subjetividade consumista.

A leitura do artigo traz à tona questões conceituais fundamentais para a formação do educador ambiental e seu campo de atuação e reafirma a necessidade de tomada de posições, decisões e diálogo entre academia, mercado e sociedade.



Fabiana Paino Granzotto


para a disciplina de Educação Ambiental e Ecoturismo.


FSA- EAS. 20/12/2010


Avaliação sobre o trabalho com os PCNs em Práticas Pedagógicas e Dimensão Ambiental

A capacitação e formação continuada de educadores para um trabalho efetivo e coerente com os Parâmetros Curriculares Nacionais se faz necessária neste Curso de Especialização, no sentido de se superar a falta de clareza quanto à relação entre conteúdos e transversalidade, bem como de se suplantarem lacunas metodológicas.

O grupo de Educação Ambiental e Sustentabilidade, durante as aulas previstas para a disciplina de Práticas Pedagógicas e a Dimensão Ambiental, ministradas pela Profa. Angela Baeder, fez leituras e discussões que contribuíram para a contextualização histórico-social acerca da implementação dos PCNs, a partir de 1998, que visava engendrar mudanças no perfil educacional brasileiro.

A questão da transversalização de temas sociais, especificamente o tema Meio Ambiente, também foi analisada e discutida em aula, bem como a relação desse tema transversal com as demais disciplinas curriculares do Ensino Fundamental e do Ensino Profissionalizante.

Como professora em exercício há 10 anos, ter esse contato mais atento com os PCNs foi de fundamental importância para reafirmar algumas práticas na escola e resgatar os compromissos assumidos com um ensino de qualidade.

Fabiana Paino Granzotto
20/12/2010

domingo, 5 de dezembro de 2010

Sabedoria (Nossa sabedoria é a dos rios)

Nossa sabedoria é a dos rios.


Não temos outra.


Persistir.


Ir com os rios, onda a onda.


Os peixes cruzarão nossos rostos vazios.


Intactos passaremos sob a correnteza


feita por nós e o nosso desespero.


Passaremos límpidos.


E nos moveremos,


rio dentro do rio,


corpo dentro do corpo,


como antigos veleiros.





Luís Carlos Verzoni Nejar


(Porto Alegre, 11 de janeiro de 1939)


é poeta, ficcionista, tradutor e crítico brasileiro,


membro da Academia Brasileira de Letra.


Leitura e reflexão em Práticas Pedágógicas e a Dimensão Ambiental em 04/12/2010.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Exposição Fotográfica: Espaços e momentos de ensinar-aprender


Dia / Hora
sábado, 27 de novembro de novembro
das 9h00 às 11h00 e das 14h00 às 16h00


Localização
EMEIEF Luiz Gonzaga - CESA Parque Erasmo/ Santo André
Ipanema, 253 - Parque Erasmo Assunção
Santo André, SP


Mais informações
34 fotos registram momentos de visitação à Sabina, Parque Escola, Museu de Santo André, Câmara Municipal, Biblioteca Nair Lacerda, Teatro Municipal e projeto Brinca Ciência, que ocorreram neste ano, com a turma do 2º Ciclo Inicial F.


O objetivo desta exposição é a visualização do trabalho pedagógico em diversos espaços e momentos e o envolvimento dos alunos nas aulas dentro e fora das dependências da EMEIEF Luiz Gonzaga.


A entrada é gratuita. A exposição fotográfica é parte da Mostra Cultural, com trabalhos, em diversas linguagens, realizados pelos alunos de Educação Infantil e Ensino Fundamental.


Fabiana Paino Granzotto.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

É primavera (It's Spring in my heart)


Existem verdades nesta vida.

Os rios correm para as planícies.
Os dias e noites se sucedem.
O corpo humano é basicamente composto de água e carbono.
Os insetos são polinizadores e contribuem para a perpetuação de muitas espécies vegetais.

O que seriam dessas verdades se eu não as aceitasse?
Dúvidas cruéis?

Não há como duvidar que já é primavera. Suas evidências estão por toda parte, inclusive em mim mesma.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O Coração da Deusa




Assim como nossos ancestrais veneravam a capacidade da mulher criar seres humanos a partir de seu útero e alimentá-los através de seu seio, também homenageavam a Terra como a Grande Mãe, que nos alimenta, e a partir de cujo corpo todos nós somos criados. É claro que, para nos salvar - e evidentemente para preencher nosso verdadeiro potencial - devemos homenagear a Natureza, a Deusa e as mulheres.

(do livro de Hallie Iglehart Austen - The Heart of the Goddess)

domingo, 29 de agosto de 2010

Koyaanisqatsi e Carta do Chefe Seatle - pontos de reflexão*


Por Fabiana Paino Granzotto

“Desterrando coisas valiosas estaremos chamando a desgraça. Aproximando-se o dia da purificação, o céu encobrir-se-á de teias de aranha. O vaso cheio de cinzas poderá cair do céu, poderá queimar e terra e agitar os mares.”


“O que ocorrer com a terra, recairá sobre os filhos da terra. Há uma ligação em tudo.”


· Ações padronizadas e coordenadas
· Dinâmica repetitiva, sem reflexão
· Relação homem e natureza - o primitivo, o ritualístico, o cotidiano
· Há tempo para o ócio?
· As tradições que regem as atividades humanas
· Construção de valores
· Pertencimento ao lugar e irmandade com os elementos naturais
· Desligamento do ser “civilizado” e o ser “natural”
· Episódios violentos
· Segregação da origem
· Resgate da origem
· Recriação da natureza


A ação antrópica modificadora da natureza traz efeitos devastadores e irreversíveis. A construção de valores regidos por minorias são, aparentemente, inquestionáveis. O homem, segregado da origem, domina a natureza e transforma seus elementos em recursos, marcando sua história com episódios de destruição e violência.


Até onde e quando?


A Educação Ambiental apresenta-se como possibilidade ao resgate das origens, através de dinâmicas de contato com a natureza, interação homem-meio e recuperação de conhecimentos, saberes e ponto de vista de todos os povos.





(* Para a disciplina de Fundamentos Históricos e Relação Sociedade-Natureza - curso de Pós-Graduação em EAS/ 2009)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Vocação



Tive uma surpresa na semana passada.


Achei, acredito ser, a minha primeira publicação.



Foi numa coletânea de poesias, resultado de um Concurso organizado pela Equipe de Supervisão Pedagógica do 1o. Grau da Divisão Regional de Ensino-6-Sul, para alunos de 5a. a 8a. séries da Escolas Estaduais da Região do Grande ABC.


Este concurso fez parte do Projeto "Preservação de Mananciais" proposta no Plano Regional de Trabalho para 1991.



Das 39 poesias classificadas pela Delegacia de Ensino, três foram selecionadas como vencedoras do Concurso.



O tema escolhido "Faça uma Declaração de Amor à Billings" foi em função de uma preocupação maior por parte dessa regional com a recuperação e preservação dos mananciais da Região e do Estado.



É... meus caros... há quase 20 anos esta é uma das minhas preocupações também.

domingo, 15 de agosto de 2010

Exposição fotográfica: Um Olhar Poético para o Meio Ambiente

Convido a todos para a Exposição Fotográfica Um Olhar Poético para o Meio Ambiente,
organizada pela turma da Pós-graduação em Educação Ambiental e Sustentabilidade da Fundação Santo André.
A exposição é aberta a todos que frequentam o Campus da FSA e acontecerá de 14 a 28 de agosto de 2010, durante os horários de atendimento e aulas no Prédio da Pós.

Endereço: Centro Universitário Fundação Santo André. Av. Príncipe de Gales, 821 - Bairro Príncipe de Gales - Santo André - SP - CEP 09060-650
Telefone: 11 4979-3300

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Qual a importância da Antropologia para a formação do Educador Ambiental?


Os fundamentos básicos da Antropologia, oferecidos e discutidos durante encontros semanais e seminários que apresentaram a bibliografia referência, foram indispensáveis e importantes na capacitação e entendimento sobre as relações entre o homem e seu meio ambiente sociocultural e natural.


A partir da análise de modelos de ocupação do espaço e uso de recursos naturais por formas socioculturais diferenciadas, este módulo do Curso de Especialização buscou problematizar as questões relativas às técnicas antropológicas de pesquisa de campo, de forma a instrumentalizar os futuros/ presentes Educadores Ambientais na elaboração e execução de projetos com o foco ambiental e de modelos de desenvolvimento sustentado adequados às especificidades socioambientais das populações “alvo”.


A leitura antropológica permite a ampliação de horizontes acerca das Ciências, partindo do “senso comum” para o “conhecimento científico”; aponta as fragilidades e equívocos do trabalho prático do Educador Ambiental (ex.: ensinar padrões de sustentabilidade em comunidades tradicionais); propicia o planejamento e a ação coletiva a partir da articulação do Educador Ambiental atuante em comunidades, organizando associações e mobilizando pessoas para o “ser” e “fazer” político.


A Antropologia contribui com o estudo das sociedades e suas relações com a natureza, suas desigualdades quanto à demanda e manejo de recursos naturais e quanto ao modo de produção de bens materiais e imateriais. Para o Educador Ambiental, tem grande importância essas contribuições, no sentido de sensibilizar a consciência individual e coletiva e promover mudanças sociais, buscando caminhos para uma maior sustentabilidade global, baseando-se na vivência de comunidades tradicionais, bem como em algumas iniciativas bem-sucedidas em sociedades modernas urbanas e industriais.
Fabiana Paino Granzotto
para o Módulo de Antropologia e Meio Ambiente
(Pós - EAS. Agosto/ 2010).

terça-feira, 27 de julho de 2010

Primavera nasce no inverno?


Luxo o ócio matutino e noturno numa terça-feira!

Tô aqui sozinha (para variar), sem sentir remorço ou melancolia por isso (o que é melhor!)

Liguei o computador com a ideia de ampliar horizontes, atualizar a linguagem, matar umas curiosidades... Hahaha! Mentira!

Tô ouvindo George Harrison, comendo morangos e abrindo outros blogs de quem nem conheço e nem faço questão de conhecer (vitrine de futilidades, de manequins bem pintados, mas mal-vestidos, leves e ocos).

Continuo achando que relações virtuais promovem o afastamento entre as pessoas. Nada me provou o contrário.

Cada vez que me ponho a ler e ver o que se publica nessas redes sociais (como esta, ou Orkut, ou Myspace, agora o Twitter...) penso no vazio entre e dentro das pessoas e na urgência de preenchê-lo.

Não vou falar mais sobre isso - por hoje...


Vou falar das minhas relações pessoais, concretas e cheias!

Sou apaixonada pela realidade, mesmo ela não sendo linear, parecendo gangorra que pende entre a infância e as projeções futuras, balançando as pessoas, os lugares e as emoções que cabem nesse "brinquedo".

Os cinco sentidos ocupados:


  • verdades (+), mentiras (-) e música (sempre) nos ouvidos;

  • sabores na língua;

  • perfumes nas narinas;

  • calores na pele;

  • cores, letras e belas formas no olhar...

é o que se quer em qualquer relacionamento, é o que eu quero nos meus!


Voltando à pergunta inicial: Primavera nasce no inverno?


Se estivermos atentos, saberemos que crianças, flores, primaveras e primaveras nascem nos solstícios e equinócios; nos dias 22 de todos os meses, nos dias 23 de setembro, todos os anos...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

As bobagens que se escreve






Internet é realmente território livre.
Estou mal impressionada com as bobagens que são possíveis de serem lidas nos microblogs da vida...
Acredito que, quem abre uma conta e se torna seguidor deles, a primeira intenção desse sujeito é a exposição e a manutenção de contatos. E fazer isso com sensatez seria o mínimo.
Quem não deseja se expor tem outros recursos para se comunicar.
Bloquear ou restringir acessos é uma imbecilidade num ambiente onde as redes são abertas.
O traço de personalidade de twitteiros borram as páginas dos seus seguidores.
Numa vitrine virtual dessas, qualquer carne é fresca e qualquer fruta é suculenta.
Isso, deveras, me aborrece.
Mas não sou retrógrada a ponto de defender que só existem contatos verdadeiros no mundo real.
Gosto e me relaciono com pessoas neste ciberespaço mantendo contatos, partilhando ideias, produzindo algo sensível e inteligente, e não apenas com seus poucos caracteres e fotos bem produzidas em suas webcams, imagens copiadas e vazios existenciais.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

São João

"Ut"queant laxis ~
"Re"ssonare fibris
"Mi"ra gestorum
"Fa"muli tuorum,
"Sol"ve polluti
"La"bii reatum,
"S"ancte "I"ohannes.

Palavras claras sairão dos lábios puros

E ressoarão aos ouvidos atentos.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

As Coisas que a Gente Fala


Foi numa contação de histórias que tive contato pela primeira vez com este texto de Ruth Rocha. Ele traz sabedoria e profetiza que qualquer um de nós estamos sujeitos a vivenciar momentos onde o uso da palavra, verdadeira ou mentirosa, pode ser determinante na construção do SER.

Se trocarmos os nomes, os lugares e as situações, nas devidas proporções, o texto pode revelar o efeito nocivo das "coisas que a gente fala" sobre aqueles que estão perto e, até, longe de nós.


As coisas que a gente fala
saem da boca da gente
e vão voando, voando,
correndo sempre pra frente.
Entrando pelos ouvidos
de quem estiver presente.
Quando a pessoa presente
É pessoa distraída
Não presta muita atenção.
Então as palavras entram
E saem pelo outro lado
Sem fazer complicação.

Mas às vezes as palavras
Vão entrando nas cabeças,
Vão dando voltas e voltas,
Fazendo reviravoltas
E vão dando piruetas.
Quando saem pela boca
Saem todas enfeitadas.
Engraçadas, diferentes,
Com palavras penduradas.

Mas depende das pessoas
Que repetem as palavras.
Algumas enfeitam pouco.
Algumas enfeitam muito.

Algumas enfeitam tanto,
Que as palavras - que
Engraçado!
- nem parece as palavras
que entraram pelo outro lado.


E depois que elas se espalham,
Por mais que a gente procure,
Por mais que a gente recolha,
Sempre fica uma palavra,
Voando como uma folha,
Caindo pelos quintais,
Pousando pelos telhados,
Entrando pelas janelas,
Pendurada nos beirais.



Por isso, quando falamos,
Temos de tomar cuidado.
Que as coisas que a gente fala
Vão voando, vão voando,
E ficam por todo lado.
E até mesmo modificam
O que era nosso recado.



Eu vou contar pra vocês
O que foi que aconteceu,
No dia em que a Gabriela
Quebrou o vaso da mãe dela
E acusou o Filisteu.



- Quem foi que quebrou meu vaso?
Meu vaso de ouro e laquê,
Que eu conquistei no concurso,
No concurso de crochê?



- Quem foi que quebrou seu vaso?
- a Gabriela respondeu
- quem quebrou seu vaso foi...
o vizinho, o Filisteu.



Pronto! Lá vão as palavras!
Vão voando, vão voando...
Entrando pelos ouvidos
De quem estiver passando.
Então entram pelo ouvido
De dona Felicidade:
- o Filisteu? Que bandido!
que irresponsabilidade!
As palavras continuam
A voar pela cidade.
Vão entrando nos ouvidos
De gente de toda idade.
E aquilo que era mentira
Até parece verdade...



Seu Golias, que é vizinho
De dona Felicidade,
E que é o pai do Filisteu,
Ao ouvir que o filho seu
Cometeu barbaridade,
Fica danado da vida,
Inventa logo um castigo,
Sem tamanho, sem medida!
Não tem mais festa!
Não tem mais coca-cola!
Não tem TV!
Não tem jogo de bola!
Trote no telefone?
Nem mais pensar!
Isqueite? Milquicheique??
Vão acabar!



Filisteu, que já sabia
Do que tinha acontecido,
Ficou muito chateado!
Ficou muito aborrecido!
E correu logo pro lado,
Pra casa de Gabriela:
- Que papelão você fez!
Me deixou em mal estado,
Com essa mentira louca
Correndo por todo lado.
Você tem que dar um jeito!
Recolher essa mentira
Que em deixa atrapalhado!



Gabriela era levada,
Mas sabia compreender
As coisas que a gente pode
E as que não pode fazer;
E a confusão que ela armou,
Saiu para resolver.



Gabriela foi andando.
E as mentiras que ela achava
Na sacola ia guardando.
Mas cada vez mais mentiras
O vento ia carregando...



Gabriela encheu sacola,
Bolsa de fecho de mola,
Mala, malinha, maleta.
E quanto mais ia enchendo,
Mais mentiras ia vendo,
Voando, entrando nas casas,
Como se tivessem asas,
Como se fossem - que coisa!
- um milhão de borboletas!

Gabriela então chegou
No começo de uma praça.
E quando olhou para cima
Não achou a menor graça!
Percebeu - calamidade!
- que a mentira que ela disse
cobria toda a cidade!

Gabriela era levada,
Era esperta, era ladina,
Mas, no fundo, Gabriela
Ainda era uma menina.
Quando viu a trapalhada
Que ela conseguiu fazer,
Foi ficando apavorada,
Sentou-se numa calçada,
Botou a boca no mundo,
Num desespero profundo...

Todo mundo em volta dela
Perguntava o que é que havia.
Por que chora Gabriela?
Por que toda esta agonia?
Gabriela olhou pro céu
E renovou a aflição.
E gritou com toda força
Que tinha no seu pulmão:


- Foi mentira!


- Foi mentira!



Com as palavras da menina
Uma nuvem se formou,
Lá no alto, muito escura,
Que logo se desmanchou.
Caiu em forma de chuva
E as mentiras lavou.



Mas mesmo depois do caso
Que eu acabei de contar,
Até hoje Gabriela
Vive sempre a procurar.
De vez em quando ela encontra
Um pedaço de mentira.
Então recolhe depressa,
Antes dela se espalhar.
Porque é como eu lhes dizia.
As coisas que a gente fala
Saem da boca da gente
E vão voando, voando,
Correndo sempre pra frente.



Sejam palavras bonitas
Ou sejam palavras feias;
Sejam mentira ou verdade
Ou sejam verdades meias;
São sempre muito importantes
As coisas que a gente fala.
Aliás, também têm força
As coisas que a gente cala.


Às vezes, importam mais
Que as coisas que a gente fez...


"Mas isso é uma outra história
que fica pra uma outra vez..."

sábado, 27 de março de 2010

Coffe Express




Café, boas companhias, planos... muitos planos.
Tarde típica da Vila de Paranapiacaba.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Hoje faltou energia elétrica




Adoro quando isso acontece!




O escuro é necessário para clarear as ideias e estimular os sentidos e as habilidades.




Estava ao piano quando o breu tomou tudo à volta. Saí no quintal e puxei conversa com os vizinhos. Ouvi e vi os alunos da aula noturna serem dispensados com seus mp10 servindo de faroletes. Olhei para o céu. A lua e as estrelas reluziam de modo que pareciam satisteitas pela falta da iluminação pública. A visão se adaptava... entrei em casa pela porta da sala sem esbarrar nos móveis. A caixa de fósforo fica na janela da cozinha, iluminada pelo luar. Acesa a chama, ela não aguentou chegar ao quarto onde, tenho certeza, deixei a lanterna na primeira gaveta do criado-mudo. Quanto papel cabe nessa gaveta! Sabia que estava sob o calhamaço... Achei! Silêncio mortal. Preciso ligar para ele. Voz aveludada... fará-me companhia até a luz voltar... tomara demore a noite inteira!


Ahhh... Fogos de artifício e crianças eufóricas gritaram juntas com o berro luminoso das luzes da cidade, que atordoaram minha visão.


Espero que a Companhia Energética tenha outras baixas...

segunda-feira, 22 de março de 2010

Equinócio de Outono ou Minhas Palavras sou Eu

Já passam das duas da manhã do sábado... O ar está fresco e sinto o perfume da dama-da-noite que foi abalada pelo temporal... A cidade silencia, mas as palavras que habitam em mim não querem silenciar. Elas querem extrapolar meus limites, querem ganhar espaço nesta folha de papel, querem preencher o ambiente através da voz do leitor, querem atingir como flecha o ouvinte.
Minhas palavras sou eu. Elas tomaram meu corpo antes mesmo do meu nascimento; já eram escritas, faladas e ouvidas pelos meus ancestrais... Foram se formando, se aglutinando, se modificando e tomando ritmo até pulsarem em mim. O que verbalizo está impregnado no meu sangue.
Tenho “surtos de palavra”, gana de gastar o verbo, seja qual for a linguagem... Não sei se uso o Português, pois a língua está tão cheia de neologismos e estrangeirismos, raízes, prefixos e sufixos de tantas outras línguas e dialetos... Talvez use um brasileirês, paulistês?
Eis um conflito íntimo: será que minhas palavras, o “eu”, atinge o “tu”? O que adianta tantas palavras ao vento, como o perfume da dama-da-noite abalada pelo temporal? Não quero ser perfume, que se dissipa no ar, nem dama-da-noite a despetalar e ressecar sobre o asfalto da cidade! Quero ser temporal, que inunda a cidade, transforma a paisagem, energiza o céu e... abala as damas-da-noite!
Embora tenha esta aparência primaveril, amo o Outono, que fecha ciclos, mas inicia outros (lembrei-me da canção “Águas de Março”). Amo seus fins de tarde coloridos, seus feriados e todas suas lembranças pueris... Que minhas palavras pudessem ser como o Outono: marcantes.
Sofro quando não verbalizo. É como se as palavras não-expressas contaminassem meu sangue, acabando com meu bom-humor. Apaixono-me quando “tu” corresponde “eu”. Sinal que o temporal abalou a dama-da-noite...

Fabiana Paino Granzotto.
10/03/2007.
Nesta foto apareço em ângulo privilegiado, conversando com Fabíola e Gisele, durante atividade no Campus da FSA - "Poéticas das Imagens e Narrativas Visuais em Educação Ambiental" - em pleno Equinócio de Outono (sábado, 20 de março de 2010)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010