sábado, 28 de novembro de 2009

Paranapiacaba - Um ensaio a partir da atividade realizada em 10 e 11 de outubro de 2009





Por Fabiana Paino Granzotto

“É sabido que Mário de Andrade dizia que São Paulo era a Londres das neblinas frias. A primeira vez que passei em Paranapiacaba, essa frase me pareceu mais ajustada à estação e à vila operária e ferroviária de Paranapiacaba: a Londres dos nevoeiros de São Paulo, certamente, é a Vila de Paranapiacaba.”
(Aziz Ab’Saber, 1985)

“Primeiras impressões: foi triste e acabrunhante se as primeiras impressões que tive de Paranapiacaba e da Paróquia. A falta de luz elétrica em todo o Morro e o barulho incessante das locomotivas bem podem ter concorrido para estas impressões primeiras. Sobretudo, parece-me Paranapiacaba um recanto abandonado de todos e um lugar carecendo de tudo”.
(Newton Loureiro de Sousa, 1956)



Estive em Paranabiacaba em agosto de 1997, pela primeira vez, para a realização de um trabalho de campo cujo foco era o início da urbanização da região do Grande ABC através da construção e funcionamento da estrada de ferro São Paulo Railway, para o curso de graduação em Estudos Sociais. Mesmo morando e estudando em Santo André durante toda vida, ainda não conhecia a Vila e me surpreendi com as peculiaridades do lugar - o clima, as construções, as pessoas e os ritmos remetiam-me a um tempo-espaço distinto, que não era um “agora-aqui”.

Com o Festival de Inverno de Paranabiacaba acontecendo há nove anos, passei a visitar a Vila durante o evento, anualmente. Percebi mudanças relacionadas ao comportamento dos moradores, que tiveram que adequar suas rotinas para receberem os turistas nessa época.

Em 2006, realizei um trabalho com crianças que envolveu pesquisa e visita monitorada a vários pontos do município de Santo André. No roteiro estava programada a ida ao Parque Municipal Nascentes de Paranapiacaba. Foi quando busquei informações, conheci e me interessei por projetos de Educação Ambiental, tendo este referencial.

“... em relação às ações de preservação, deve-se ressaltar a importância do tratamento a ser dado a Paranapiacaba enquanto conjunto: vila ferroviária, ‘parte alta’ e área natural, configurando a expressão uma da outra em uma mesma paisagem”
(Comissão Especial Pró Paranapiacaba, 1987)


“... a base correta de ‘como preservar’ está na elucidação popular, na educação sistemática que difunde entre toda a população, dirigentes e dirigidos, o interesse maior que há na salvaguarda de bens comuns...”
(Carlos A. C. Lemos, 1981)

Em outubro de 2009, o grupo de Educação Ambiental e Sustentabilidade da FSA (do qual sou discente) realizou uma visita à Vila de Paranapiacaba, instalando-se no Centro de Estudos e Formação Socioambiental nos dias 10, 11 e 12 para atividades de sensibilização e racionalização. Esta saída do grupo para o trabalho a campo proporcionou a reflexão, o planejamento de ações e a ampliação de possibilidades para a resolução de problemas que permeiam não só a Vila, mas a relação que se tem com o ambiente. Dentre alguns apontamentos, destacarei os problemas que nosso grupo identificou e as possibilidades e esperanças frente à situação vivenciada:

Descaso
Indiferença
Desvalorização
Falta de estrutura para o turismo
Individualismo
Nosso consumismo
Falta de projetos consolidados



Harmonia
Ações em rede
Valorização
Melhora na estrutura turística da Vila
União
Sustentabilidade
Políticas públicas efetivas

Passados doze anos ainda me encanto e tenho a certeza de que conhecerei e aprenderei algo novo a cada passagem por lá.


Fabiana Paino Granzotto
27/11/2009.
(para a disciplina de Tópicos de Ciências Ambientais - curso de Pós-Graduação em EAS/ 2009)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Escola tem que ter todo dia! Tem?


Escola tem que ter todo dia...


Bom seria se o currículo escolar fosse mais flexível e próximo da realidade dos alunos e dos professores. Veja isto: o programa curricular do Estado propõe textos e imagens que não fazem o menor sentido para ninguém. O que adianta trabalhar a imagem noturna via satélite do planistério com indicações de poços de petróleo e de gás natural e áreas de queimadas? Quem vai querem saber onde ficam concentrados o petróleo, o gás natural ou áreas de queimadas à noite? Rs. Ou ainda solicitar aos alunos que escrevam uma carta a um amigo de Portugal relatando uma viagem intercontinental como as que aconteciam no século XVI... amigo em Portugal? Viagem intercontinental numa caravela, orientados por cartas náuticas, bússolas e astrolábios? Ah tá!...


Li uma proposta curricular que me deixou empolgada (em Alice no País das Maravilhas):

Cursos especiais:

- Francês

- Música

- Lavagem de roupas

Matérias regulares:

- Língua Pétrea

- Línguas Clássicas: Gringo e Latir

- Taburrada

- Aritmética: Ambição, Distração, Enfeiação e Gozação

- Mistória: Antiga e Moderna

- Marografia

- Desdenho: Esticamento Linear e Desmaio em Espirais


O melhor de tudo é a carga horária: dez horas no primeiro dia, nove no segundo e assim por diante. O décimo primeiro dia é considerado feriado!Escola tem que ter todo dia? Depende de que escola se quer...

Algumas situações e imposições me desanimam... gostaria de entrar nas salas e conversar com os alunos, jogar baralho com eles e não ter que vistar seus cadernos, nem corrigir tuas tarefas e pesquisas. Palavras certas ditas no momento preciso ensinam mais que lição de moral e lousa cheia.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Educação Ambiental e Ecologia: Conceitos e Interfaces


1. Sobre o módulo: "Educação Ambiental" - Foi fundamental principiar nossos encontros acessando o conhecimento prévio dos participantes sobre o que é meio ambiente e Educação Ambiental e quais as atividades que podem ser realizadas no âmbito escolar. Quanto à apresentação sobre a Instituição e as ações desenvolvidas no SEMASA, posso dizer que ela também contribuiu para fortalecer o vínculo e a possibilidade de parcerias com a Educação, na realização de um trabalho que privilegie a informação e a mudança de atitudes em relação ao meio ambiente, em nosso município.

2. Sobre o módulo: “Conceitos de Natureza” -
Este módulo favoreceu a análise crítica sobre a visão de “natureza”, desde a Antiguidade até a Pós Modernidade e, particularmente, provocou muita inquietação e curiosidade. A partir desse encontro, busquei outras leituras - na internet, na biblioteca do Parque Erasmo, na sala de leitura e videoteca da escola, no acervo pessoal - e apresentei esse tema nas salas de aula do EF e EM, com a linguagem apropriada a cada faixa etária (dos 9 aos 16 anos).

3. Sobre o módulo: “Conceitos de Ecologia” -
A exposição do tema, o debate, as referências e a integração entre os participantes desse módulo contribuíram para ampliar conhecimentos sobre níveis de organização de vida, ecossistemas e biomas, ciclos biogeoquímicos e reciclagem, reafirmar algumas práticas e possibilitar outras, dentro e fora do âmbito escolar.

4. Nas suas atividades pedagógicas, como o conteúdo desse curso pode se aplicado?
De diversas maneiras: projetos, que se desenvolvam da problematização à busca de resultados/soluções para as questões impactantes sobre o meio ambiente; visitas monitoradas, que objetivem o contato com o meio natural e com o meio antropizado; aulas dialogadas, que possibilitem a exposição de idéias e opiniões sobre o meio ambiente; exibição de filmes e documentários, que explorem essa temática; contato com bibliografia especializada - literatura infantil, livros de Ciências Naturais e Geografia, revistas e publicações periódicas sobre o tema, etc.; buscas pela Internet em aulas no Laboratório de Informática.

5. Críticas e sugestões:
Tenho muito a agradecer a todos da equipe de Educação Ambiental, em especial a Ana Villas Boas, Robson Moreno, Camila e a Silvana Aparecida (do Centro de Referência). Pois se propuseram a compartilhar conosco, professores, seus conhecimentos e vivências acerca da EA e qualidade de vida da população de nossa cidade e a abrir as portas do SEMASA para nos mostrar esse espaço privilegiado de informações e excelência no trato das questões ambientais. Sugiro a continuidade dessa integração SEMASA e Educação, novos encontros e contato (via e-mail, via SEFP,...) permanentes.
Muito obrigada!




Santo André, 08 de outubro de 2009.


Fabiana Paino Granzotto.


(Para GEEMA/Depto. de Gestão Ambiental
SEMASA - avaliação final do curso ministrado de 24/08/09 a 21/09/09)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Tecnologia, ambiente e qualidade de vida


A Química é a Ciência que está a serviço da qualidade de vida da população. De acordo com o texto "Química para despoluir", de Karen Soraia Marquez, os processos químicos resultantes da ação antrópica - aquecimento global, destruição da camada de ozônio, poluição das águas - são corrigidos, ou melhor, amenizados pela descontaminação através de tratamentos e medidas que visam a melhoria do ar e da água, essenciais para uma vida saudável.
Os avanços tecnológicos caminham paralelamente com o desenvolvimento científico, trazendo condições ambíguas: de um lado a mecanização da produção, que causa impactos e desequilíbrio socioambiental; do outro lado a possibilidade de buscar soluções para garantir a sustentabilidade e atenuandar seus impactos.

Fabiana Paino
Angélica Lopes
Nicole Costa


Texto elaborado em 03/10/2009,
durante a aula de Tópicos de Ciências Ambientais,
após a exibição de "Tempos Modernos".

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Aquecimento Global e Permafrost: implicações para as populações humanas da Tundra



Grande parte das paisagens naturais do planeta recebe, de alguma forma, a interferência humana. Consequentemente, os ecossistemas e biomas também são atingidos por tal interferência. Há implicações significantes para as populações humanas que se interagem nesses ecossistemas e biomas atingidos.
A tundra é o bioma que ocupa aproximadamente um quinto da superfície terrestre e aparece em regiões como o Norte do Alasca e do Canadá, Groenlândia, Noruega, Suécia, Finlândia e Sibéria. É caracterizado por uma vegetação de pequeno porte (líquens e espécies arbóreas de ciclos extremamente curtos e seca fisiológica), um solo permanentemente congelado (permafrost), uma fauna composta por animais homeotérmicos e migrantes (da taiga, durante o curto verão) e clima polar, com duas estações definidas - inverno e verão.
Com o aquecimento global proveniente da ação antrópica, a tundra sofre alterações: temperaturas elevadas, degelo superficial e rompimento do permafrost, desequilíbrio nas cadeias produtivas e nos ciclos biológicos. Essas alterações afetam as populações humanas que ocupam as áreas de tundra:
· Suas construções e edificações estão condenadas devido ao rompimento do solo;
· As indústrias minerais e a geração de energia estão comprometidas pela dificuldade na exploração de recursos;
· A liberação de dióxido de carbono e metano para a atmosfera leva às mudanças na temperatura e aos padrões de precipitação de chuvas na Europa e na América do Norte, atingindo a agricultura e recursos hídricos;
· Há mudanças comportamentais e adaptações para a sobrevivência dessas populações humanas na tundra.
Hoje este tema está na pauta das discussões internacionais por configurar não só um problemas dos grupos humanos que ocupam a tundra, mas sim de todas as populações humanas, no sentido de buscar soluções para minimizar os efeitos devastadores oriundos do aquecimento global.

Fabiana Paino Granzotto.
03/10/2009.
Para a disciplina "Ecologia e Conservação Ambiental",
curso de Pós-Graduação em EA e Sustentabilidade.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Cartografia e Anamorfismo


É evidente que a linguagem cartográfica comunica e imprime uma visão de mundo. Para interpretá-la, é preciso saber sua gramática: que nenhuma projeção é a representação correta do mundo ou que há em alguma neutralidade, que as escalas e fundo do mapa também são critérios relacionados à análise de determinados eventos ou fenômenos sobre a superfície terrestre, bem como a utilização de cores, figuras, símbolos e expressões escritas para apontar diversos dados sobre um mapa.
Avalio com cautela o trabalho envolvendo a utilização de mapas anamórficos em sala de aula, pois ele depende do objetivo que se quer atingir na finalização. A seleção de material cartográfico para o trabalho com alunos deve responder, como já questionara Jacques Bertin sobre o que vem a ser um bom mapa, a essas dúvidas: "O que há no lugar mapeado? Que geografia tem determinado atributo?" Avalio positivamente a possibilidade de se trabalhar com mapas de boa qualidade e que os mesmos sejam acessíveis a todos os alunos.


Fabiana Paino Granzotto, para "A Rede aprende com a Rede", sobre o uso de mapas anamórficos em sala de aula, em 09/12/2008.